XI — A Força
Abri os olhos. A loba estava lá. Atenta, me encarando atrás dos galhos das árvores.
Impossível não lembrar. Foi o nosso primeiro encontro.
Quando fechei os olhos para dormir, na noite anterior, estava pronta para pisar na floresta.
Nova magia, novos princípios.
Me permiti. Como nunca havia permitido.
A loba, ela sempre esteve lá.
Observadora. Assertiva. Pronta para atacar.
O ataque vem no tempo dela, que é fiel: as emoções.
É chegada a hora.
Um convite para aceitar a natureza.
Liberar o instintual. Não mais ameaçador.
A liberdade vem com a confissão. Do crime.
Negligência com o próprio coração. O maior dos julgamentos.
Soltar as veias. Soltar o grito.
Liberar o sangue.
Abraçar a alma
e acolher quem é. Quem sou. Quem somos.
Num complemento. Uma dança
Roda que gira. Une.
Faz ser.
Junta as partes. Mais de uma.
A loba. O ser. A mulher. As mulheres.
Com várias faces.
Uma. Duas. Três.
Acolhida
em casa.