Querem apagar o passado
Livro por livro,
tijolo por tijolo.
O tijolo para construir a parede,
apoiar a estante,
fazer casa de poesia.
Morada de vida e morte,
do passado relembrado.
Querem esconder o passado,
mas a mulher insiste em contá-lo,
dia após dia,
todos os dias.
Gritando pelos cantos,
pela democracia.
Uma vida inteira
acontecendo lá fora.
O relógio corre impiedoso,
tempo, que já dizia Caetano: És um dos deuses mais lindos.
Toca a música na vitrola,
vem a indignação:
Qual o futuro da nação?
Mas Deus é Brasileiro,
deve ter um jeito!
Quer salvar vidas,
(Se) salva do caos,
todos os dias,
nas palavras e no soneto.
Vive porque nasceu para isso
Que bom!
Agora é só chegar em casa:
o quintal iluminado,
vista da janela
São Paulo é linda.
Esconde os discos,
aquele samba
que lembra de renascer.
E a cerveja gelada
no copo americano,
o copo que vai tomar o café,
que é para começar o dia.
Outro dia, mais um.
Quer mudar o mundo, e vai!